13 junho 2005

Álvaro Barreirinhas Cunhal


E os amanhãs não cantaram, camaradas.

Foi sem dúvida um homem de convicções. Dirigiu um partido com uma importante acção na luta contra o Estado Novo. Mas ficou até ao fim agarrado à defesa de um sistema político e económico que provou ser um falhanço inequívoco, ainda que se possa argumentar que os sistemas de direcção centralizada implementados foram perversões do sistema preconizado pelos teóricos do marxismo-leninismo, mas sobretudo duma filosofia irrealista e inequivocamente desmentida pela realidade - num mundo em que quase todos os homens são essencialmente egoístas, poderia esperar-se que uma sociedade seria igualmente rica se os frutos do trabalho individual se destinassem à colectividade e não ao indivíduo e suas famílias?

Podia dar-vos incontáveis exemplos de homens e mulheres que se destacaram na defesa das suas convicções. Muitos destes terão tido um impacto na sociedade incomensuravelmente mais nefasto que o de Álvaro Cunhal. É sobretudo este factor que permitirá que seja recordado com alguma simpatia e nostalgia, como o senhor das bastas sobrancelhas e do "Olhe que não, olhe que não!". Não virá daí mal ao mundo.

1 Comments:

Blogger Rui said...

Foi um lutador incansavel e com forte sentido de coerencia, que é coisa já de si de aplaudir.

Sofreu pela Liberdade de e para os portugueses como mais ninguem.

Para mim é inequivocamente a maior figura politica portuguesa do Sec. XX e figura que, por influencia de alguem que me moldou para a vida, considero com muita simpatia, mesmo não advogando de forma alguma os seus principios politicos.

Espero que possa finalmente descançar em paz, porque o merece plenamente.

9:41 da tarde  

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