11 setembro 2007

DJ

Aproveitamento útil do Deezer! :) Carreguem na primeira música na caixinha à direita (esqueçam o "Play") e disfrutem! :)

Uma observação: a versão do tema de D'Angelo usada na O2 era um edit (cerca de 4 minutos). Usei a versão disponível no Deezer por considerar que isso não implicaria uma alteração substancial no "feeling" da sequência.

Emissão de 30 de Julho de 2006, 0:00-1:00, Rádio Oxigénio. "El Angel Mix". :)

"Track listing":

1 Undisputed Truth - Smiling faces sometimes
2 Temptations - Ball of confusion
3 The Heptones - Express Yourself
4 Jackie Mittoo - Some kind of Memphis
5 Roy Ayers - Red, Black and Green
6 Gil Scott-Heron - Home is where the hatred is
7 Marlena Shaw - Woman of the Ghetto
8 Staple Singers - Respect yourself
9 Leon Thomas - China Doll
10 Minnie Ripperton - Les Fleurs
11 Roberta Flack & Danny Hatwawy - Where is the love
12 Sly & the Family Stone - Runnin' Away
13 D'Angelo - Untitled (How does it feel edit)
14 Barbara Lynn - You'll lose a good thing
15 Beach Boys - Don't talk (put your head on my shoulder)
16 Beach Boys - Pet Sounds
17 The Pixies - Havalina

12 outubro 2006

Um vídeo vale por mil palavras

Nem sabia que este vídeo existia! A qualidade do som é fraca, e o vídeo está longe de ser excepcional, mas para quem não conheça, vale a pena ver.

04 outubro 2006

"Big Brother" = "Benevolent Father"?

Um artigo do "New Statesman" hoje citado na imprensa online debruça-se sobre um aspecto que julgava bastante eficaz no funcionamento da sociedade britânica: a presença massiva de câmaras de circuito fechado de TV ("CCTV cameras"), não só em lojas e imediações de lojas como olhando por muitos bairros de várias cidades do Reino Unido.

Sempre me perguntei se com tanta câmara (1 por 12 habitantes!) cada uma seria efectivamente olhada (não necessariamente - seria aliás impossível - em directo) por pessoas responsáveis. Mas sempre me pareceu uma boa idéia, e transplantável para a realidade portuguesa, particularmente as zonas urbanas.

O efeito no crime mais sofisticado ou mais violento seria praticamente nulo - as câmaras seriam ineficazes perante capuzes, matrículas falsas ou carros roubados. Mas o efeito dissuasor no pequeno crime - desordem na via pública, roubo por esticão, etc - parecia-me evidente, se os registos das câmaras fossem olhados atempadamente e o enquadramento legal permitisse uma punição relativamente rigorosa dos infractores da Lei, aparecendo o ressarcimento das vítimas (na medida do possível) como acessório e derivado das acções que teriam levado à punição dos criminosos.

Contudo, o artigo cita um estudo de especialistas que vai contra esta percepção. O artigo está disponível online (não sei até quando) em

http://www.newstatesman.com/200610020022

Extracto relevante:

But are people right to believe that cameras are keeping them safer? According to Martin Gill, professor of criminology at the University of Leicester, they are not. He conducted a study for the Home Office of 14 surveillance systems around the country and found that, in general, the installation of cameras has very little impact on crime. In only one of the 14 areas could a drop in crime levels be linked to CCTV.

"The study showed that you cannot have a technical solution to the problem of crime," says Gill. "A camera can monitor things, but it cannot intervene and take decisive action, like a bobby on the beat."

O estudo referido pode ser encontrado em:

http://www.homeoffice.gov.uk/rds/cctv2.htm
l

A crónica falta de tempo impede-me de ler o estudo e analisar a metodologia utilizada para aferir da validade e replicabilidade das conclusões retiradas. Gostava sobretudo de saber de que tipo(s) de crime o estudo fala, e se foi de algum modo levado em conta o impacto da benevolência relativa do enquadramento legal do pequeno crime (algo que parece difícil, pois a via mais directa passaria pela comparação com sistemas de outros países com sistemas legais com um grau diferente de "benevolência"). Mas para já mantenho o espírito aberto para eventualmente mudar de opinião. E estou disposto a contribuir com trabalho empírico. Se quiserem instalar câmaras a vigiar o meu bairro, estão à vontade. :)

22 agosto 2006

Retrocesso civilizacional

Notícia de ontem da BBC:

Smoke's no joke for Tom and Jerry
Tom and Jerry
Tom and Jerry first appeared in 1940 cartoon Puss Gets the Boot
Children's TV channel Boomerang is to edit scenes from Tom and Jerry cartoons where characters are shown smoking.

The move follows an investigation by media watchdog Ofcom into a viewer's complaint that the vintage animations were not appropriate for young viewers.

The watchdog recognised the "historic" cartoons were made at a time "when smoking was more generally accepted".

However, Boomerang will only edit those cartoons where smoking appears to be "condoned, acceptable or glamorised".

Two such cartoons include Texas Tom from 1950 and Tennis Chumps from 1949.

'Stylised manner'

In the former Tom is shown trying to impress a female cat by rolling a cigarette, lighting it and smoking it with one hand. In the latter, Tom's tennis opponent is seen smoking a large cigar.

"We note that in Tom and Jerry smoking usually appears in a stylised manner," said Ofcom.

However, it said that "the level of editorial justification required for the inclusion of smoking in such cartoons is necessarily high".

"Depictions of smoking may not be problematic given the context," it continued.

"But broadcasters need to make a judgement about the extent to which a particular scene may or may not genuinely influence children."


Já sabia que algo deste género ia acontecer mais cedo ou mais tarde. Temo que se vá tornar numa bola de neve.

Não entrando (ainda) em avaliações normativas, a enormidade que se vai praticar é esta: vai-se alterar a obra de um autor sem que este dê consentimento nem autorização. A isto chama-se censura, e os seus autores justificam-na com um objectivo maior, evitar que as crianças estejam expostas a uma suposta "glamourização" do tabaco.

Basicamente o que estes reguladores / censores defendem é a desresponsabilização das famílias e tomam também os jovens / crianças como idiotas. Ao contrário da época em que estes "cartoons" foram produzidos, a evidência quanto aos malefícios do tabaco está disseminada, e os educadores (pais, professores e outros) podem elucidar os infantes sobre este assunto, se estes não tiverem curiosidade suficiente para fazer uma pesquisa na Net.

Quanto à questão dos conteúdos, já antecipo o contra-argumento dos censores: se ninguém vai tentar fazer as maldades que o Coiote tenta fazer ao Bip-Bip, porque mesmo uma criança se apercebe que são um exagero, enquanto o tabaco é uma componente do dia-a-dia, a violência nos "cartoons" pode continuar não editada, ao contrário das cenas envolvendo tabaco. Mas o que será mais eficaz: varrer o problema para debaixo do tapete, ou reforçar a exposição dos malefícios do tabaco?

Daí passamos à bola de neve: quando se lembrará um zeloso censor de exigir às editoras a censura das passagens que se referem ao uso de opiáceos por parte de Sherlock Holmes? E quando deixaremos de ter Humhprey Bogart a fumar compulsivamente, passando talvez a vê-lo em Casablanca a desembrullhar furiosamente chupa-chupas? É que não se iludam: a mesma defesa da idiotização das crianças irá em breve alastrar a outras faixas etárias, dado que o puritanismo reforça-se de "vitórias" como esta.

Dito isto, nada tenho contra autores que mudam a sua obra ou obras passadas em função dos tempos em que vivem. Morris baniu o tabaco de Lucky Lucke em 1983. Mas, tanto quanto sei, os álbuns anteriores não foram retocados, com ou sem o consentimento do autor.

A comparação com as pinturas "imorais" de Miguel Ângelo é inteiramente apropriada. Estiveram abastardadas durante séculos, até que foram devolvidas à sua pureza (ou depravação?) original, por decisões de pessoas que compreendiam o que é a Arte.

Filmes, bandas desenhadas, canções e outros artefactos culturais não podem ver a sua forma original alterada a menos que os criadores dêm o seu aval. Caso isso aconteça devido a poderes superiores (por pouco esclarecidos que sejam), as versões originais devem continuar a poder ser acedidas por quem assim o entender. Se as quiserem acompanhar de prévios líbelos moralistas contra as descrições de certos eventos, façam-no. Mas deixem-nos continuar a ver Humphrey Bogart a fumar e James Cagney a emborcar whisky e não shots de laranjada sem gás, sem conservantes e baixa em calorias. Em nome sobretudo da integridade das obras culturais, mas também (e bastante) em nome da preservação da nossa capacidade de reflectir sobre o mundo que nos rodeia e tomar decisões esclarecidas em consonância. Obrigado.

05 agosto 2006

Mais "vintage reggae"

O que vale é que os outros vão colocando coisa interessantes na Net que nos permitem manter um blogue actualizado durante a "silly season". ;)

No Reggae Vibes, a actualização mensal da secção "Sounds", particularmente a categoria "Vintage", traz-nos sempre entretenimento garantido. Passando por cima dos dois primeiros temas, o excelente tema de Early B tem aquele delicioso "feeling" do dancehall surgido a partir de meados dos anos 80. Os temas do Studio One têm a chancela de garantia habitual, mas destes o destaque vai para a deliciosa versão de um clássico dos Wailng Souls pela banda de estúdio Sound Dimension, aplicação rudimentar do dub, bem à maneira das produções Studio One nessa vertente, mas cuja ingenuidade nos consegue agarrar desde o início.

A verdadeira revelação para mim está nos "dubs" do produtor Harry A. Mudie. Das figuras mais criminosamente ignoradas da história da música jamaicana, a sua coroa de glória foi a produção do tema clássico de John Holt, "Time is the Master", mais algumas canções cuja gravação permitiu o lançamento do LP clássico de 1973 com o título da canção. A sua produção está contudo pessimamente divulgada, nalguns poucos CDs de import através da sua etiqueta Moods (e outras relacionadas), e quase sempre esgotados. Espera-se que a Sanctuary, detentora dos catálogos da Trojan (que chegou a ter uma compilação dedicada aos trabalhos do produtor) e da Creole proceda à produção de pelo menos uma compilação do autor, tão cedo quanto possível.

Talvez o aspecto que mais distingusse as produções de Harry A. Mudie fosse a utilização de instrumentos de cordas, algo que antes de ser adoptado faria um jamaicano dizer que teria tanto sucesso como aparecer um gajo a tocar reggae com melódica (esse gajo existiu, chamou-se Augustus Pablo). Não sendo um apreciador do género dub, que me parece muitas vezes demasiado preocupado com a dissecação da música, em detrimento da sua fruição, os 3 dubs de Harry A. Mudie são contudo excelentes, apresentando as características fundamentais da sua música e acresecentando-lhe (e retirando-lhes) elementos que, alterando a perspectiva de audição, em nada comprometem o puro prazer de ouvir estas faixas. Tenho meia dúzia de CDs de dub na minha colecção, mas o próximo, se as editoras o permitirem, será sem dúvida de Harry A. Mudie.

Esta secção estará "online" no "site" até 6 de Setembro, sendo renovada na noite desse dia. Divirtam-se.

30 julho 2006

Last night a DJ saved my life

Emissão de 30 de Julho de 2006, 0:00-1:00, Rádio Oxigénio. "El Angel Mix". :)

"Track listing":

1 Undisputed Truth - Smiling faces sometimes
2 Temptations - Ball of confusion
3 The Heptones - Express Yourself
4 Jackie Mittoo - Some kind of Memphis
5 Roy Ayers - Red, Black and Green
6 Gil Scott-Heron - Home is where the hatred is
7 Marlena Shaw - Woman of the Ghetto
8 Staple Singers - Respect yourself
9 Leon Thomas - China Doll
10 Minnie Ripperton - Les Fleurs
11 Roberta Flack & Danny Hatwawy - Where is the love
12 Sly & the Family Stone - Runnin' Away
13 D'Angelo - Untitled (How does it feel edit)
14 Barbara Lynn - You'll lose a good thing
15 Beach Boys - Don't talk (put your head on my shoulder)
16 Beach Boys - Pet Sounds
17 The Pixies - Havalina


Desculpem lá, mas é um orgulho. :)

11 maio 2006

Marley 25 anos depois


Robert Nesta Marley, nome artístico Bob Marley, é das figuras mais paradoxais da cultura pop-rock. Porta-voz da negritude, era um mulato filho de um oficial do Exército britânico e de uma trabalhadora rural negra. Estandarte dos pobres e oprimidos, não se coibiu de, assim que teve oportunidade, viver à grande o estilo de vida das estrelas "rock", com festas, drogas e mulheres, muitas mulheres. Daí resultaram 14 filhos perfilhados (10 para além dos que teve com a mulher Rita), e uma miríade de não reconhecidos.

Tendo começado a sua carreira gravando três canções para o produtor Leslie Kong, Bob Marley, juntamente com Peter Tosh , Bunny Wailer e outros cantores de gravação mais irregular e não presentes nas capas dos discos da época, fundou os Wailing Wailers (mais tarde The Wailers), tendo gravado entre 1963 e 1966 várias dezenas de canções para o Studio One. Lá terá gravado a mais perfeita produção do estúdio (o que quer dizer muitíssimo), "I'm still waiting". Após produções próprias e para Leslie Kong e Lee "Scratch" Perry, nomeadamente, Marley seduz Chris Blackwell, da Island Records, e nasce em 1973 o primeiro álbum de Reggae orientado para o público consumidor de "rock". Com a célebre capa original inspirada no isqueiro Zippo, as letras das canções impressas no interior, uma promoção até antes desconhecida para artistas jamaicanos e um som adaptado aos ouvidos ocidentais, nomeadamente com "overdubs" de guitarras adicionados (um fascinante exercício de exégese musical é comparar as versões jamaicanas e as originalmente publicadas, no CD duplo da re-edição de luxo do álbum), "Catch a Fire" foi um sucesso, lançou uma carreira internacional e proporcionou a vários artistas jamaicanos (alguns pouco merecedores) a via da internacionalização, expressa em álbuns editados na década de 1970 nomeadamente na Island e na etiqueta Virgin Frontline.

Marley veio a falecer de melanoma. Ícone da raça negra, chegando a colocar graxa no cabelo para realçar os traços pouco vincados da raça que quis representar, acabou vitimado por uma doença para a qual quase certamente a sua progenitura de raça branca contribuíu (mais um paradoxo).

Reconhecendo a importância da sua obra, os iniciados avaliam contudo com maior admiração o trabalho produzido por Lee "Scratch" Perry, muitas das canções tendo sido regravadas mais tarde para a Island. Compare-se por exemplo a espiritualidade e sentido de profundidade espacial da versão original de "Kaya" (aka "Turn Me Loose") com a versão surgida no álbum "Kaya".

Enquanto era consagrado internacionalmente, Marley perdia na Jamaica natal em termos de popularidade para Dennis Brown e Toots and the Maytals. Mais significativo, enquanto o sucesso internacional de Bob Marley proporcionou a divulgação alargada de obras com ainda maior valor, como os primeiros discos de Burning Spear, a verdadeira revolução era conduzida em Kingston sobretudo por King Tubby e Lee "Scratch" Perry, principais responsáveis pelo desenvolvimento das técnicas "dub", que deram uma contribuição muitíssimo significativa para a música "pop" a partir dos anos 80, nomeadamente com os máxi-singles e as remisturas.

Bob Marley não foi a figura musicalmente mais significativa da música popular jamaicana. Foi a socialmente mais importante e a mais iconográfica de sempre. Que seja ouvido e estudado é a melhor homenagem que lhe pode ser feita no 25º aniversário do seu falecimento.

Discos recomendados: a colectânea "Songs of Freedom" (4 CDs) é a melhor introdução e súmula da obra de Bob Marley. Variadíssimas compilações cobrindo os "anos Lee Perry" existem no mercado, nenhuma sendo a definitiva, e muitas de qualidade sonora e de "packaging" simplesmente arrepiantes. Da discografia da Island, para além do primeiro álbum, aconselharia "Burnin'" e "Exodus".

P.S.: com as dificuldades de comunicação patentes no Blogger, deixei passar a oportunidade de fazer uma dedicatória em forma a Grant McLennan, co-autor das melhores canções dos Go-Betweens. Paz à sua alma.

16 abril 2006

Íntima Fracção - a lista

Tal como vos tinha referido há uns meses atrás, resultado de um aturado trabalho de recolha, introspecção e selecção, o Francisco compilou a lista onde é apresentada uma selecção de temas usados ao longo de quase 22 anos de emissões do programa de rádio Íntima Fracção. Pede-nos agora uma ajuda no sentido de o ajudarmos a seleccionar 10 temas dessa lista, com vista à redução a uma lista a partir da qual, após o sempre complicado processo de "licensing" dos temas, será extraído o alinhamento final da colectânea da Íntima Fracção.

Já contribuí. Se são ou foram ouvintes mais ou menos regulares desta emissão ao longo da sua longa existência, enviem um mail ou Francisco. Se têm um blogue cujos leitores se possam enquadrar nesse grupo, divulguem, por favor. O Francisco agradece. A rádio portuguesa agradece também que se mantenha em actividade um dos poucos programas de autor que ainda sobrevive. Actualmente em emissão nas madrugadas de Sábado para Domingo, entre a 1h e as 2h, na Rádio Universidade de Coimbra e disponível depois no blogue do autor. Obrigados, meus e do Francisco.

03 abril 2006

Mais Canal Hollywood

Quando no "post" anterior me referi à falta de qualidade ou irrelevância de muitos filmes recentes do Canal Hollywood, não excluí a hipótese de se encontrarem algumas pérolas no cartaz.

"Eclipse total" ("Dolores Claiborne") passa esta Quarta às 14h30. Baseado numa novela de Stephen King (mas sem muitos laivos de fantástico, e onde o terror é exclusivamente psicológico e surge em acções do dia-a-dia) e realizado por Taylor Hackford, chegou às salas em 1995. Não sei se chegou às salas portuguesas (nem sei onde posso obter essa informação), mas apanhei-o numa noite de férias e pasmaceira na RTP 1 ou na Dois, há uns anos atrás. Nessas madrugadas a probabilidade de apanhar um filme mau ou péssimo deve ser de uns 80% (apanhei um filme de invasores do espaço tão mau, tão mau, que fazia o "Plan Nine from Outer Space" parecer uma obra-prima - lamento não ter fixado nome ou realizador), pelo que nem prestei muita atenção no início. Mas a dimensão humana da história, a interpretação de Kathy Bates e a sensível direcção de Taylor Hackford fazem destas cerca de duas horas de filme uma experiência emocionante e enriquecedora. Vivamente recomendado.

21 março 2006

Budd Boetticher e o Canal Hollywood


Sempre gostei de filmes antigos, e de alguns obscuros. Amanhã à 1:00 e às 13:00, passa no Canal Hollywood "Decision at Sundown" ("Entardecer Sangrento"), de Budd Boetticher.

Budd Boetticher foi um realizador americano que tocou vários géneros, mas se notabilizou particularmente no "western", particularmente na vertente "western psicológico", em filmes invariavelmente protagonizados por Randolph Scott. Sem precisar de espectaculares tiroteios ou ataques de índios, a ênfase colocada nas emoções e motivações das personagens e suas relações interpessoais, sem tornar os filmes uma seca, fazem destes "westerns" de série B experiências algo intrigantes mas, a avaliar pelo único filme que já vi (o fabuloso "Ride Lonesome", neste mesmo canal), altamente recompensadoras.

Até há cerca de um ano atrás nunca tinha ouvido falar de Budd Boetticher. A forma como tomei conhecimento passou pela consulta semanal obrigatória do guia de filmes do canal, acompanhado de sempre elucidativas visitas ao AllMovie.com.

Todavia, não sei durante mais quanto tempo se justificará manter este saudável hábito. Desde o início deste ano a política de exibição de filmes por parte do canal mudou. Não deixando de estrear filmes antigos, aumentou substancialmente a proporção de estreias de filmes recentes, ainda que não "box office smashes" destinados a passar nos próximos anos em canais generalistas ou com generosas mensalidades.

E isto porquê? As audiências, claro. Como (imaginam os programadores do canal, provavelmente com razão) há mais pessoas interessadas em ver um "Olha quem fala" a um "A sede do mal", ou um "Ronin" a um "Não o levarás contigo", adapta-se a matriz do canal para captar audiências e na sequência contratos mais vantajosos com as operadoras de cabo.

Simplesmente deste modo afasta-se a audiência fidelizada ao modelo anterior durante muito tempo, ganhando em troca uma audiência talvez maior, mas certamente muito mais volátil. Quero acreditar que é uma estratégia que não compensará no longo prazo, o futuro o dirá.

Entretanto, vejam o que puderem do falecido Budd. São uns 80 minutos bem passados.

P.S.: dada a muito espaçada actualização do blogue (uma estratégia que essa sim conviria inverter :)), é bastante desadequado escrever obituários, pois muitas figuras que deveriam ser mencionadas são simplesmente esquecidas durante o período de hibernação. Todavia, não posso deixar passar em claro o desaparecimento de José Ramos, uma das pessoas responsáveis pela minha educação musical via rádio, na Rádio Comercial, nomeadamente através do programa "Nova Geração". Tinha apenas 51 anos. Que a sua alma encontre a felicidade etérea que proporcionou a tantos de nós.